Certo, certo, e por onde começamos? Acho que pelas mulheres, claro.
É difícil dizer quanto vale realmente uma trepada. Sei apenas dos valores praticados por aí.
Com mulheres se diz a real e deixa o barco correr. Isso é sinceridade, e não quer dizer que você não vai tá lá pra oferecer o aconchego. E nem a entrega quer dizer paixão, mas pode ser: simplesmente, quando estou lá, estou por completo. Se for o contrário “Você me enganou, adeus”. Mas falar a verdade, mesmo que não seja o que ela queira ouvir. Não é confiança, é pagar pra ver.
Tem uma categoria no poker chamada Blind Man’s Bluff: é um estilo de jogo onde você vê todas as cartas dos outros jogadores, mas não vê as suas próprias. Às vezes é assim.
Tem mulheres que me excitam por uma questão de instinto. Não é só a beleza, não é só o andar, não é só nada. É tesão de macho e fêmea. É coisa de cheiro e ferormônio. São raras essas e percebo na hora: minha boca saliva, os gostos ficam mais fortes, minha narina dilata, meu ouvido fica apurado. Qualquer gesto eu percebo, qualquer som da risada dela se sobressai aos outros barulhos. É coisa de predador, é o instinto mais básico e sincero. Perco a noção por mulher desse tipo. São as melhores.
E, no fim das contas, pra mim é sempre assim: gosto e quero comer. Vou e como – e tem mil maneiras disso, sexo começa muito antes e depois da cama, é coisa de dispor energia. E tudo é dito ali, a maior parte sem palavra nenhuma. Depois, durmo abraçado a noite toda, sem pudor nem reserva.
Amor que é amor tem uma pegada forte, violenta, mas macia, quente. Ódio não tem nada a ver com delícia. Nem com sagacidade.
E ter pena de alguém que queremos também comer é coisa que pode dar um nó na cabeça.
Decifra-me ou devoro-te. É o que as mulheres exigem dos homens. Mas a verdade é que quando a gente decifra uma, o que devora a gente é a vontade de decifrar a próxima. Ela disse “eu sei”? Não sei. Eu tenho a febre da faca amolada; sou mais pecador do que vítima de pecados.
Mas, eventualmente, alguém vai arrancar seu coração e jogar ele na sua cara. E quando a gente sente que uma parte de nós morreu, quando aquela pessoa se foi, vai fazer o que? Esperar o que ainda tá vivo com uma arma? Se entregar aos urubus? Meu caro, o mundo é grande, a vida é incrível. Se a outra pessoa não entende que ninguém esquece ninguém, que tudo tá aí pra acontecer, paciência, vacilo dela. Liberdade não descarta nenhum percurso da vida.
Mentira que a gente compra: ninguém está contente com não termos as mulheres mais bonitas ou os homens mais rápidos no gatilho.
O que faz belo e irresistível qualquer parte do corpo do outro não são seus traços simplesmente, mas a forma como se oferece a nós. A boca carnuda fica mais linda em relação ao queixo, ao nariz, ao cabelo bagunçado, ao pescoço. Pelo menos foi o que algumas já me disseram, falando de mim. Do meu olhar: pés juntinhos, joelhos na cama, bunda empinada pro alto; cada curva que se insinua recebe um beijo. Poro que se oferece, beijo. Ombro que se desalinha, beijo. Quando o gosto dos dois se junta é que tem o gosto do casal.
Soltou o cabelo que me fez cócegas, quando ela se ajoelhou sobre mim. Beijou-me muitas vezes, com beijos rápidos e molhados, mordendo minha boca. Apenas tenha prazer, me disse, sem se preocupar com nada. Não precisa ser perfeito – mas ela sabia que era.
Pra entender uma mulher, você precisa entender dos detalhes. Se deliciar com cada sentido e suas possibilidades. Precisa estudar música e dança, pra entender que mulher se move em 3/4 ou 12/8. Precisa pisar descalço na grama molhada. Precisa saber fazer silêncio. Precisa se sentir como animal. Você precisa entender que mulher é feita de quatro elementos. Que elas tem uma sensibilidade tão diferente da nossa que muita coisa não vai fazer sentido. Vai parecer loucura – e às vezes é. Até pra elas. Você deve entender que tem que ficar impassível no meio do caos como tem ficar impassível quando ela te chupa. Impassível, ereto, potente: dá a ela a liberdade de colocar todo o mundo dela no prazer que ela quer te dar. Se você fizer direito, ela goza assim, por ela mesma – mérito dela, não vai contar no bar se achando o cara.
Mulher não é livro, enigma, mistério, problema matemático, sonho psicanalítico, arquétipo junguiano ou mapa astral. Mulher não se interpreta nem se resolve. Ao invés disso, chama pra dançar – o corpo diz muito mais. Enxergue ela nua. Sempre.
Você precisa entender, para se entender uma mulher, que o sabor da comida só existe dentro da sua boca, que o som só nasce quando chega aos seus ouvidos, que a textura não tem realidade na ausência do toque. Ninguém é nada antes do seu encontro com o mundo. Mas, antes de tudo, em vez de adivinhar o desejo dela, oferecer o seu.
E outra coisa: em mulher não se bate. Digo, murro no queixo, olho roxo, essas coisas. Tapa na bunda é outra história. Na cara também, mas o timming tem que ser perfeito. Senão vira ofensa.
O que me atrai nas mulheres? Tudo aquilo que não faço idéia de como ser. Adoro tudo aquilo que eu não saberia usar: salto alto, por exemplo. Fico louco vendo alguns gestos que nem com treinamento eu poderia imitar: aquela posição sem nome que algumas fazem curvando um pouco a cabeça e passando a mão nos cabelos. É sério. Se eu me excitasse, tava resolvido, eu me comia. Bom, eu me comeria SE eu fosse mulher, então deu pra entender o que eu disse antes. O mesmo vale pra elas, claro: mais de uma já me amou por eu abrir os vidros de azeitona. Mas nenhuma pela tampa do vaso levantada.
Entre a primeira e a última linha daqui, tem lá uma meia garrafa de uisque. Se tem contradição, a culpa é dele. O equilíbrio também: bêbado que pensa equilíbrio como sóbrio cai de cara no chão. E, apesar do título, é tudo verdade. Às vezes injusto, mas verdade. Cru, verdade. Se duvida, você que tá mal acostumado a ouvir de outro jeito.
É difícil dizer quanto vale realmente uma trepada. Sei apenas dos valores praticados por aí.
Com mulheres se diz a real e deixa o barco correr. Isso é sinceridade, e não quer dizer que você não vai tá lá pra oferecer o aconchego. E nem a entrega quer dizer paixão, mas pode ser: simplesmente, quando estou lá, estou por completo. Se for o contrário “Você me enganou, adeus”. Mas falar a verdade, mesmo que não seja o que ela queira ouvir. Não é confiança, é pagar pra ver.
Tem uma categoria no poker chamada Blind Man’s Bluff: é um estilo de jogo onde você vê todas as cartas dos outros jogadores, mas não vê as suas próprias. Às vezes é assim.
Tem mulheres que me excitam por uma questão de instinto. Não é só a beleza, não é só o andar, não é só nada. É tesão de macho e fêmea. É coisa de cheiro e ferormônio. São raras essas e percebo na hora: minha boca saliva, os gostos ficam mais fortes, minha narina dilata, meu ouvido fica apurado. Qualquer gesto eu percebo, qualquer som da risada dela se sobressai aos outros barulhos. É coisa de predador, é o instinto mais básico e sincero. Perco a noção por mulher desse tipo. São as melhores.
E, no fim das contas, pra mim é sempre assim: gosto e quero comer. Vou e como – e tem mil maneiras disso, sexo começa muito antes e depois da cama, é coisa de dispor energia. E tudo é dito ali, a maior parte sem palavra nenhuma. Depois, durmo abraçado a noite toda, sem pudor nem reserva.
Amor que é amor tem uma pegada forte, violenta, mas macia, quente. Ódio não tem nada a ver com delícia. Nem com sagacidade.
E ter pena de alguém que queremos também comer é coisa que pode dar um nó na cabeça.
Decifra-me ou devoro-te. É o que as mulheres exigem dos homens. Mas a verdade é que quando a gente decifra uma, o que devora a gente é a vontade de decifrar a próxima. Ela disse “eu sei”? Não sei. Eu tenho a febre da faca amolada; sou mais pecador do que vítima de pecados.
Mas, eventualmente, alguém vai arrancar seu coração e jogar ele na sua cara. E quando a gente sente que uma parte de nós morreu, quando aquela pessoa se foi, vai fazer o que? Esperar o que ainda tá vivo com uma arma? Se entregar aos urubus? Meu caro, o mundo é grande, a vida é incrível. Se a outra pessoa não entende que ninguém esquece ninguém, que tudo tá aí pra acontecer, paciência, vacilo dela. Liberdade não descarta nenhum percurso da vida.
Mentira que a gente compra: ninguém está contente com não termos as mulheres mais bonitas ou os homens mais rápidos no gatilho.
O que faz belo e irresistível qualquer parte do corpo do outro não são seus traços simplesmente, mas a forma como se oferece a nós. A boca carnuda fica mais linda em relação ao queixo, ao nariz, ao cabelo bagunçado, ao pescoço. Pelo menos foi o que algumas já me disseram, falando de mim. Do meu olhar: pés juntinhos, joelhos na cama, bunda empinada pro alto; cada curva que se insinua recebe um beijo. Poro que se oferece, beijo. Ombro que se desalinha, beijo. Quando o gosto dos dois se junta é que tem o gosto do casal.
Soltou o cabelo que me fez cócegas, quando ela se ajoelhou sobre mim. Beijou-me muitas vezes, com beijos rápidos e molhados, mordendo minha boca. Apenas tenha prazer, me disse, sem se preocupar com nada. Não precisa ser perfeito – mas ela sabia que era.
Pra entender uma mulher, você precisa entender dos detalhes. Se deliciar com cada sentido e suas possibilidades. Precisa estudar música e dança, pra entender que mulher se move em 3/4 ou 12/8. Precisa pisar descalço na grama molhada. Precisa saber fazer silêncio. Precisa se sentir como animal. Você precisa entender que mulher é feita de quatro elementos. Que elas tem uma sensibilidade tão diferente da nossa que muita coisa não vai fazer sentido. Vai parecer loucura – e às vezes é. Até pra elas. Você deve entender que tem que ficar impassível no meio do caos como tem ficar impassível quando ela te chupa. Impassível, ereto, potente: dá a ela a liberdade de colocar todo o mundo dela no prazer que ela quer te dar. Se você fizer direito, ela goza assim, por ela mesma – mérito dela, não vai contar no bar se achando o cara.
Mulher não é livro, enigma, mistério, problema matemático, sonho psicanalítico, arquétipo junguiano ou mapa astral. Mulher não se interpreta nem se resolve. Ao invés disso, chama pra dançar – o corpo diz muito mais. Enxergue ela nua. Sempre.
Você precisa entender, para se entender uma mulher, que o sabor da comida só existe dentro da sua boca, que o som só nasce quando chega aos seus ouvidos, que a textura não tem realidade na ausência do toque. Ninguém é nada antes do seu encontro com o mundo. Mas, antes de tudo, em vez de adivinhar o desejo dela, oferecer o seu.
E outra coisa: em mulher não se bate. Digo, murro no queixo, olho roxo, essas coisas. Tapa na bunda é outra história. Na cara também, mas o timming tem que ser perfeito. Senão vira ofensa.
O que me atrai nas mulheres? Tudo aquilo que não faço idéia de como ser. Adoro tudo aquilo que eu não saberia usar: salto alto, por exemplo. Fico louco vendo alguns gestos que nem com treinamento eu poderia imitar: aquela posição sem nome que algumas fazem curvando um pouco a cabeça e passando a mão nos cabelos. É sério. Se eu me excitasse, tava resolvido, eu me comia. Bom, eu me comeria SE eu fosse mulher, então deu pra entender o que eu disse antes. O mesmo vale pra elas, claro: mais de uma já me amou por eu abrir os vidros de azeitona. Mas nenhuma pela tampa do vaso levantada.
Entre a primeira e a última linha daqui, tem lá uma meia garrafa de uisque. Se tem contradição, a culpa é dele. O equilíbrio também: bêbado que pensa equilíbrio como sóbrio cai de cara no chão. E, apesar do título, é tudo verdade. Às vezes injusto, mas verdade. Cru, verdade. Se duvida, você que tá mal acostumado a ouvir de outro jeito.
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Créditos:
Texto e fotografia: Thiago Carvalho (todos os direitos reservados)
Publicado no blog O Inimigo do Bom é o Melhor
13 comentários:
Opa! Dato e assino com meu lado masculino!
ótimo texto
senti a necessidade de compartilhá-lo
uuuuiiii
achei lindo um homem falando td isso
*.*
bjssss
Isa
fede a machismo barato
Machismo barato é preguiça mental e insegurança emocional. É coisa de filhinho da mamãe. Foi isso mesmo que você viu? Só lamento.
Nossa que lindo, isso é o que eu chamo de criatividade, se é que se pode chamar assim, seria apenas uma observação? Muito bom!
Você demonstrou entender mais do universo feminino do que do masculino, perfeito, tu é o cara !
Insegurança emocional é lidar com críticas de maneira tão rude.
Não, isso é falta de paciência. Deu um tapa, leva outro. Não sou do tipo que tem muito perdão na alma.
Mas a crítica foi respondida, mesmo com o tom seco. Machismo é uma coisa que cabe muito pouco aqui.
Só lhe resta agora então treinar seu tapa, por que ele ainda tá fraquinho.
Ok.
lindo, lindo, lindo... estou apaixonada pela sua sensibilidade em desfrutar exatamente oq ocultamos.
Esse seu feelings é de impressionar. Isso tem cheiro de homem que já teve todo tipo de mulher e consegue ter algum diagnóstico. É difícil tirar conclusão quando se diz respeito a mulher, pois nenhuma é igual a outra, cada uma gosta duma maneira de coxas entrelaçadas e pegadas eventuais na bunda.
Mas o que as liga a cada uma é o apreço que temos por um homem que tem a sensibilidade de saber o que a gente quer.
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