Continuando com os desvarios das opiniões lascivas e controversas.
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É clássica essa leseira masculina, não tem cura. A moça vai lá, dá um trato completo nas madeixas, volta cheia de novidades pra casa e a gente não percebe. Não é por maldade, é por disfunção cognitiva, retardo mental mesmo. Vez por outra vamos ver, mas é que a gente caça detalhes em vocês por esporte nosso (ver más adelante sobre isso).
E eu entendo sim, em partes, por experiência própria. É que eu tava com uma mulher, a dias e dias de bem bom, aquela pegação áurea toda hora, não podia roçar um cotovelo no outro que começava, olheiras mil e olhos vermelhos nas manhãs de obrigações trabalhistas, essa coisa toda do amor. E, então, depois de tantos dias e tantos colóquios, ela me solta essa: “nossa, agora que eu vi que você tem três brincos! NOSSA, três em cada orelha! Que bonito”. Fiquei meio puto, no que é que ela tava pensando todo esse tempo que nem reparou nisso? Aí pensei mais um pouco e fiquei até orgulhoso...
Sacaram? Há perhaps e há vantagens nas sutis faltas de sutilezas.
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Carnaval, esse tempo de alegrias e expectativas, de marchas e soluços, de romances e roubadas. A data também cria e destrói mitos. O mito que sobe: boatarias de que Hans Donner, o genial malandrão chucrute, num acesso a la Wood Allen, passou a traçar a cunhada com a promessa (cumprida) de ser ela a nova beldade globeleza. Se sim, tiro meu chapéu por honrar sua testosterona, meu senhor, que duas mulatas daquelas é pra deixar descadeirado. O fim de um mito? Bom, o Laerte não horroriza ninguém durante o carnaval.
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E essa coisa da inconstância, se resolve, há jeito nisso? Meu coração é kamikaze, pilota sem olhar os instrumentos, cara colada na janela, procurando você, minha pérola, minha Pearl Harbor, pra cair, com a força da gravidade da situação, e te fazer naufragar em um concerto de explosões internas. Pode isso? Questão de honra. E depois, como nos foi ensinado na escola, vem a bomba atômica, a pocilga da história.
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É, a bomba. E uma delas, pra não falar das decepções, é a mitológica, a famigerada, a esquizofrênica, sim soem os tambores dessa tragédia, entra no palco a DR. Vocês, mulheres, são cruéis nisso, mas nem tanto, há de se valer. E tem de todos os tipos. Aquelas sutis, lentas, poéticas, de silêncios e imagens longas, plano iraniano na parada, como a gente diz no cinema. Aquelas sem pé nem cabeça, que degringolam em questões que não interessam a nenhum dos dois. Há as desesperadas, sertanejas-universitárias mesmo, não me abandone que sem você eu não vivo, correm lágrimas de egocentrismo. Há as intelectuais, como se a vida fosse uma tese, o triunfo da razão, e não esse belo inferno que são as conjunções. Mas bom mesmo é quebra pau. O tapa na cara. O grito. O ódio, esse outro amor. Aquele clima de risca a faca aí no chão e vamo ver se sai faísca. No barraco as almas se lavam, dizem coisas que não devem, mas que depois se digerem ou são esquecidas, não se poupam, toma isso, vai ter que me engolir. Cafajeste! Usurpadora! Me beija! E vai.
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Se homem é no atacado, a mulher é no varejo. Explico: “homens são todos iguais”, brado carimbado e patenteado feminil; mas vocês, mulheres, são plural e cada uma é uma e várias. Explico em mais pormenores. Não acho que mulher afirma tanto que homens são iguais à toa, e a culpa é delas, porque não buscam os particulares masculinos. Porque, o que cria o maior interesse de uma mulher por um homem são duas coisas: primeiro, a capacidade dele de dar segurança, seja qual for o sentido de segurança que uma mulher tem: pode ser um abraço terno ou fidelidade ou dinheiro ou poder ou presença ou etcétera. Segundo, a capacidade de pegar outras mulheres, mas ter escolhido aquela – mesmo que por algumas horas ou com falsa exclusividade. E isso explica porque basta ser famoso – não necessariamente rico, talentoso ou bonito – para que tenham interessadas aos montes por aí. É óbvio que beleza atrai, mas só como desejo, não como satisfação; há carecas e barrigudos por aí arrancando suspiros por qualidades que são intangíveis. Agora, pra nós, homens, o detalhe muda tudo. A gente aprecia e se apaixona constantemente por coisas mínimas: uma boca, uma orelha, um senso de humor, uma marca de vacina, um corte no joelho, uma cicatriz de infância, um rebolado, uma bunda, um gesto de inteligência e mais um mundo de coisas que nem tem nome, como aquela olhadinha pra trás com um sorriso satisfeito e malicioso ou a capacidade de fazer um sutil biquinho na hora de beber qualquer coisa com um canudinho. E não importa o nível de relacionamento e comprometimento que temos com uma, sempre vamos observar e pirar com outras. Isso, anotem e depois tatuem no corpo pra não esquecerem jamais mulheres, é de extrema importância: centenas de vezes eu me lembrei de um mimo ou um agrado, ou de um detalhe a mais, para aquela por quem sinto amor ou paixão, pelo simples fato de exercitar toda essa percepção em todo canto. Um tesão renovado por uma namorada pela paixão platônica de cinco minutos pela gatinha da mesa ao lado. A descoberta do presente perfeito pra amante pela observação atenta vinda de um inocente tesão pela atendente da loja de roupas. A percepção de uma possibilidade nova de sabores pelo perfume de uma morena que acabou de cruzar com a gente na rua.
Ou pode ser safadeza minha, sei lá.
Ou pode ser safadeza minha, sei lá.
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Creditos:
Texto e fotografia: Thiago Carvalho (todos os direitos reservados)
Publicado no blog O Inimigo do Bom é o Melhor
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